Reverso
Na primeira noite após a Revolução dos Cravos, um homem procura refúgio numa pensão lisboeta. O que deveria ser uma noite de descanso transforma-se num pesadelo quando um telefonema enigmático desencadeia um confronto inesperado.







Sinopse
26 de abril de 1974, a primeira noite após a queda do regime fascista português. Um homem chega a um pequeno quarto numa pensão, trazendo apenas uma mala. Desconfiado, mas cansado, acaba por adormecer — até que acorda subitamente com o telefone a tocar insistentemente. Do outro lado da linha, uma voz troça dele, repetindo tudo o que diz.
Festivais
Estreia Mundial MOTEL X (2019) - https://www.motelx.org/
Budapest Film Festival (2022)
ARG International Film Festival, França (2022)
FILM IN FOCUS, Roménia (2022)
Madeira Fantastic Film Festival, Portugal (2022)- https://www.madeirafantasticfilmfest.com/
Short to the Point, Roménia (2021)
BCN Fantasy Film Festival, Catalunha (2020)
REVERSO insere-se no universo do fantástico psicológico, evocando o espírito de séries clássicas como The Twilight Zone, The Outer Limits ou Alfred Hitchcock Presents. Partimos de uma situação aparentemente banal que, de forma subtil e inquietante, desvia-se para o inexplicável, conduzindo o protagonista a uma realidade que desafia a lógica, mas que se impõe como inegável. Porque no cinema – como na nossa mente – acreditamos quando vemos e ouvimos.
Casimiro, o protagonista, chega a uma pensão na noite seguinte à queda do regime fascista. Traz consigo apenas uma mala e o cansaço de um tempo denso. Mas a narrativa propõe uma ruptura: será que ele entrou realmente naquele quarto — ou foi a partir desse momento que deixou o mundo como o conhecemos? À medida que ele mergulha numa sucessão de telefonemas absurdos, onde a sua voz é devolvida por um eco trocista, somos levados a questionar o tempo e o espaço onde tudo decorre.
A encenação joga com a ideia de loop, de repetição e de confronto interno. Casimiro poderá estar preso num limbo, num purgatório simbólico, onde é forçado a dialogar com um “loop" de si próprio. Este conceito é discretamente reforçado por elementos do cenário, como o néon do exterior da pensão, que poderá conter pistas visuais para uma leitura mais metafísica da história.
Visualmente, a curta adota uma linguagem claustrofóbica e minimalista. O único cenário - o quarto - é visto de apenas um ângulo como uma boca de cena de um palco de teatro. O uso dramático da luz e do som constrói uma atmosfera densa, onde o estranho se infiltra no quotidiano. O telefone torna-se o veículo da perturbação, funcionando como portal entre dimensões internas e externas, reais e ilusórias.
REVERSO é, acima de tudo, uma experiência sensorial e conceptual sobre repetição e identidade. Um espelho estilhaçado onde a imagem do protagonista se fragmenta em vozes e silêncios, numa noite que parece nunca acabar.